Frida, já tive, com força, mas voltei atrás (e já te explico o porquê).
Por um tempo da minha vida adoeci, severamente. Quando descobri o problema, corri feito uma onça brava, atrás da solução. Passei por três cirugias (em dias seguidos, quarta, quinta e sexta). Fiquei muito tempo na UTI, depois no quarto e saí, a princípio curada. E aí veio a difícil recuperação. Tive que reaprender a andar, fiz muito tempo de fisioterapia, e, na verdade, a doença junto com as cirurgias, afetou todo meu organismo. Passei um ano e meio, até terminarem os tratamentos. Voltei TOTALMENTE ao normal, contra a previsão de todos os médicos. Retomei a minha vida de antes.
Em um exame de rotina, algo saiu estranho e quando fui examinar a fundo, adivinha? O problema voltou, com toda força, como se nunca tivesse ido embora. E não havia garantias de cura e nem de sobrevivência. No entanto, estava me sentindo forte e bem. E resolvi (e comuniquei a todos) que ia pensar se valia a pena entrar naquele pesadelo, de novo, ou viver meus dias bons, intensamente até...Por alguns dias, tive conviccão de que faria o seguinte: compraria um jipe, bem equipado (tinha dinheiro para isso), e sairia pelo Brasil, sozinha, visitando cada canto, vivendo intensamente cada minuto dos meus dias. Me isolando, me procurando, me entendendo e tentando ficar em paz com, literalmente, a morte. Sentia tanta vontade de fazer isso que, às vezes, fechava os olhos e me imaginava na estrada.
No meio desse turbilhão, parei por um momento de pensar apenas em mim (o que foi difícil diante de tudo que estava acontecendo). Quando olhei para os lados, para além do meu umbigo, percebi que, felizmente, tinha construído uma vida recheada de pessoas que me amavam. Marido, pai, mãe, irmã, amigos, resto da família etc. Eu busquei o amor deles e fiz o meu melhor para fazê-los me amar tb. Percebi, ali, que minha vida n era só minha e que minha fuga, desaparecimento, seria um golpe e tanto para alguns, bravo, violento e eu n tinha nenhum direito de decidir sozinha sobre minha vida (e morte). Já tinha construído uma vida dependente de outros seres, e eles de mim. Não tinha o direito de fugir, desaparecer.
Foi aí que, mesmo sentindo horror por saber o que viria pela frente, me joguei de cabeça de novo (em mais cirurgias, tratamento diversos) sofrendo, deprimida, mas juntando forças sobre humanas para sair daquela, mais uma vez. E, de novo, me recuperei totalmente, não morri, não fiquei com sequelas e dessa vez, me curei de vez.
Toda a doença durou 4 anos. Hoje estou bem mesmo e totalmente curada (há um ano). E dou graças a Deus por n ter largado tudo (e todos). Tenho minha vida, agradeço primeiro por isso, e em segundo pelos "meus amores".
Além de que, do que adiantaria fugir dos "problemas" se minha cabeça iria junto de mim? Nela estavam todos, bem presentes. Seria uma enganação. E felicidade, como vemos no texto acima, n tem mesmo nada haver com bens materias, competição, vida sexual enlouquecida, tamanho da casa, conta no banco: tem tudo haver sim, com muita saúde e muiiitoooooo amor de quem está ao seu lado.
Bjão,
Ju.